terça-feira, 22 de março de 2011

Luvaria Ulisses



Tendo falado dos chapéus que se podem encontrar na cidade de Lisboa vamos a mais um acessório. As luvas!

Rumamos então novamente para a Baixa Lisboeta e entramos na Luvaria Ulisses!

Surpreende a decoração com dourados e espelhos em Arte Nova que remonta aos anos 20 do século passado, claro!
A "Ulisses" é a única loja do País com confecção própria e onde se encontra nada mais nada menos que sete tamanhos de luvas e de todas as cores.

Sairá de lá a comentar: Calça que nem uma luva!

Escusado será pensar em levar um grupo de amigos para ajudar na escolha porque não cabem lá mais que dois ou três!

Compare as imagens incluídas neste texto e depois não diga que não foi um bom conselho! Imagine que estava a chover e não tinha chapéu de chuva!



segunda-feira, 21 de março de 2011

A Primavera...



Hoje, para nós que vivemos no Hemisfério Norte, chegou a Primavera! Chegou cheia de Sol e razoavelmente quente.

Por quanto tempo? Bem, ela fica por cá até 21 de Junho mas o futuro nos dirá como ela se vai comportar. Esperemos que não nos faça andar sempre de gabardine e botas e além do sempre incómodo chapéu-de-chuva.

A Primavera traz-nos flores de mil e uma cores e cheiros múltiplos. Traz-nos as andorinhas e já tive a oportunidade de confirmar que elas já por aí andam.

Eu gosto da Primavera e do que ela nos traz. Talvez seja apenas uma impressão minha mas parece-me que na Primavera as pessoas aparentam ser mais felizes.

Será que o são?

terça-feira, 15 de março de 2011

As Mulheres e a Guerra


A 15 de Março de 1961 começou a Guerra Colonial!
Passaram-se 50 anos e os que a viveram não estão esquecidos disso. Nem podem estar porque o horror de uma guerra não se esquece nunca!
O Sr. Presidente da Republica prestou hoje homenagem aos cerca de 9000 jovens que nessa guerra perderam a vida. Trata-se, quanto a mim, de uma homenagem que se reveste de muito pouco significado.
Porquê?
Porque, para além dos que morreram, muitos ficaram estropiados fisicamente e o Estado pouco ou nenhum apoio lhes deu. Uma pensão de guerra e que mais? Que dinheiro paga uma perna, a cegueira, um braço, o sofrimento fisico de uma vida inteira?
Outros ficaram estropiados mentalmente, também os há e infelizmente muitos, que ainda acordam de noite em sobressalto, ou que se tornaram alcoólicos, outros são violentos, outros sem-abrigo, outros incapazes para o trabalho, outros vivem sozinhos porque a família não conseguiu combater os seus fantasmas e ajudá-los.
O estudo de uma médica do Hospital Militar de Coimbra Luísa Sales, apresentado no âmbito de um Congresso Nacional de Psiquiatria e Saúde Mental, conclui que, em determinados indivíduos os sintomas revelaram-se no decorrer do cumprimento do serviço militar, mas registaram-se também manifestações 30 anos depois.
E que apoio lhes deu o Estado para o stress pro-traumático? Anos de espera por uma consulta que, por vezes, nunca chegou…
E é só? Não, não é!
Porquê?
Porque ao lado desses homens vivem as suas mulheres e os seus filhos que nunca foram á Guerra mas que a vivem todos os dias.
Um outro estudo, apresentado por João Monteiro Ferreira, analisou uma amostra de 91 veteranos de guerra e de 58 mulheres de alguns deles.
Deste grupo, com elementos pertencentes a tropas especiais que efectuaram serviço em África, 66% revelaram sintomas de stress pós-traumático, enquanto 78% das mulheres são portadoras de condições de stress pós-traumático secundário.
E falo aqui de estudos nacionais para não falar dos Americanos que nessas coisas são largamente experientes.
Portanto hoje, deixo aqui a minha homenagem a todos os Combatentes das nossas ex-Colónias mas, e principalmente, a todas as Mulheres e Filhos de ex-Combatentes que ainda hoje sofrem por si e por eles! É que se os primeiros são esquecidos muito mais o são estes!
As imagens que acompanham este texto foram obtidas no Cemitério de Nacional de Arlington no Estado da Virgínia, o mais conhecido cemitério militar dos Estados Unidos da América.  

sexta-feira, 11 de março de 2011

Dúvidas Existenciais...


Confesso que ainda hoje não sei se acredito em Deus. Umas vezes sim, outras vezes não...
São tantas as dúvidas que me assaltam quando colocada perante situações que considero injustas para o ser humano que não sou capaz de ter certezas!
Não é injusto morrerem crianças á fome?
Não é injusta a guerra para os civis?
Não é injusto os pais perderem os seus filhos?
E o tremor de terra no Japão, não é injusto?
Que forças, que lógicas?  
Um dia de manhã, não muito distante, a questão colocou-se-me de novo.
O comboio estava cheio. A crise fez aumentar o número de passageiros de todos os dias.
Uma senhora jovem com uma menina ao colo pediu um dos lugares reservados. Sentou-se. Pelo tamanho da criança pensei que teria uns sete anos um bocadinho grande para ir ao colo, pensei eu.
Calhou-me ficar logo ali.
A menina tinha o cabelo loiro preso com uns ganchinhos azuis. Azul como o vestido com florinhas cor-de-rosa.
Subitamente por detrás de uns óculos, uns olhinhos muito azuis olharam para mim. As mãos abertas estenderam-se para me tocar.
O coração gelou. Percebi claramente que aquela era uma criança diferente. Aqueles olhos azuis eram lindos.
A mãe deu-lhe para as mãos um boneco azul e creme muito fofo, como os que se dão aos bebés. Estendeu-mo. Fiz-lhe uma festa. A mãe ia movimentando o boneco numa chamada de atenção.
Voltei a fazer-lhe festas nas mãos e comecei também a brincar com o boneco.
Numa voz calma e sumida a mãe disse-me que desde bebé que ela gostava muito de festas nas mãos. Sorri e continuei. O coração aquecia.
Fizemos a viagem até Sete Rios nesta união. Aí a mãe levantou-se para sair com ela ao colo no meio daquele mar infinito de gente. Disse-me então, com a voz mais forte, Muito Obrigada!
Sentei-me e olhei lá para fora. A mãe colocou-a no chão e ela lá foi, caracóis loiros ao vento.
Senti-me bem. Felizmente ela tinha capacidade para andar, felizmente eu tive, pela primeira vez, capacidade para interagir com uma criança deficiente. Felizmente aquela mãe teve, provavelmente também pela primeira vez uma pessoa que tratou a sua filha como igual a todas as outras...
Passei anos a achar que se tivesse que lidar com uma criança diferente ia chorar todos os dias.
Hoje sei que perdi o medo de lhes tocar e principalmente de magoar quem as tem.
Subindo as escadas do Metropolitano com destino ao trabalho pensei que, afinal, talvez  Ele exista mesmo.
Deus escreve direito por linhas tortas, diz o Povo...
Mentalmente agradeci a Deus ter colocado no meu caminho um filho lindo e perfeito do qual tenho um orgulho imenso...
Como aquela mãe gostaria de ter a mesma alegria!
Depois pensei que Deus se devia estar a rir dos meus pensamentos… É que, na verdade, que bem me sabe estar sentada no silêncio de uma Igreja!

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Filoxera e os Chapéus



Chapéus há muitos! Quem não se lembra desta frase?
E onde, onde?
Chapéus, boinas, bonés, toucas, cartolas, para todos os gostos, preços e tamanhos! E se não há o tamanho ou a cor preferida também não tem crise! Eles fazem e é só uma questão de tempo...
E tudo por causa de um ataque de filoxera!
Filoxera, sim! A praga que, na zona da Régua, devastou impiedosamente as vinhas e que fez o vinicultor Manuel Aquino Azevedo Rua mudar-se para Lisboa e abrir uma chapelaria no Rossio em 1886!
Desde D. Carlos I até D. Duarte Pio, desde Jorge Amado, Mário Soares, Mestre Baptista, João Ribeiro Telles ou Jô Soares muitos são os ilustres que já passaram por esta casa de que vos falo.
Vá até lá e encontrará o seu chapéu, mas se preferir, pode antes comprar uma bengala, um cinto ou uns suspensórios que também os há por lá!
Todavia, não saia sem antes admirar, numa das prateleiras, uma garrafa de vinho especial, com mais de um século, ligação ao passado do fundador da chapelaria!
E quem não enfiou já um grande barrete?
Melhor será não falar disso, mas por ali pode ficar tranquilo, há qualidade, algo que começa a escassear por este nosso pequeno País.
E mais não digo...