Dr. Miguel Peres Alves
1 de Julho de 1940 - 18 de Novembro de 2008
Corria o dia 13 de Junho de 1976 quando o conheci. O local e o momento não podia ser pior. Instituto Português de Oncologia em Lisboa. Lá fora ouviam-se os foguetes, sinais de festas populares. Ali dentro havia silêncio. Um silêncio que cheirava a morte. Olhei lá para fora através dos vidros da janela e as lágrimas correram-me pela cara. Tinha medo. Subitamente alguém me pôs a mão no ombro e me perguntou o que andava a ler. O livro estava abandonado em cima da cama. "A Mulher que Deus me Deu", de Hall Caine, respondi num sussurro procurando esconder as lágrimas.
Isso não vai ser nada,vai sair daqui bem. Tenho uns alunos que gostava que a observassem, pode ser?
E foi assim que tudo começou. Aos poucos um médico transformou-se num grande Amigo. Realmente ele tinha razão, não era nada mas teve uma paciência infinita para ouvir as minhas dúvidas, os meus receios e ajudar-me com todos os problemas que surgiram com os meus familiares mais queridos e os Amigos.
Andava há muito tempo para o visitar. Queria saber como ele estava, como estava a Ana, contar-lhe que o meu filho se tornara enfermeiro. Levei demasiado tempo, pensando sempre que ia importunar quem tinha tanta gente para socorrer. Partiu inesperadamente. Confesso que chorei. Perdi um Amigo. Não devemos nunca deixar para amanhã o que queremos fazer hoje. Eu já devia saber isso.
1 de Julho de 1940 - 18 de Novembro de 2008
Corria o dia 13 de Junho de 1976 quando o conheci. O local e o momento não podia ser pior. Instituto Português de Oncologia em Lisboa. Lá fora ouviam-se os foguetes, sinais de festas populares. Ali dentro havia silêncio. Um silêncio que cheirava a morte. Olhei lá para fora através dos vidros da janela e as lágrimas correram-me pela cara. Tinha medo. Subitamente alguém me pôs a mão no ombro e me perguntou o que andava a ler. O livro estava abandonado em cima da cama. "A Mulher que Deus me Deu", de Hall Caine, respondi num sussurro procurando esconder as lágrimas.
Isso não vai ser nada,vai sair daqui bem. Tenho uns alunos que gostava que a observassem, pode ser?
E foi assim que tudo começou. Aos poucos um médico transformou-se num grande Amigo. Realmente ele tinha razão, não era nada mas teve uma paciência infinita para ouvir as minhas dúvidas, os meus receios e ajudar-me com todos os problemas que surgiram com os meus familiares mais queridos e os Amigos.
Andava há muito tempo para o visitar. Queria saber como ele estava, como estava a Ana, contar-lhe que o meu filho se tornara enfermeiro. Levei demasiado tempo, pensando sempre que ia importunar quem tinha tanta gente para socorrer. Partiu inesperadamente. Confesso que chorei. Perdi um Amigo. Não devemos nunca deixar para amanhã o que queremos fazer hoje. Eu já devia saber isso.
Hoje lembrei-me que faz anos que partiu e da falta que ainda me faz...
Como ele ficaria feliz ao saber que a Ana já lhe deu um neto e uma neta...
Verdade é que hoje eu olhei o Céu procurando a estrela em que se transformou e pareceu-me mais brilhante.
Mandei-lhe um beijo, acho que já lá chegou!