terça-feira, 21 de junho de 2011

Santos Populares

     
A minha infância foi vivida numas águas furtadas da Rua do Alecrim. Na época era uma rua que nada tem a ver com o que por lá se passa hoje.

De quando em quando passava um eléctrico, um carro e havia pouca gente que nunca parecia apressada.

Quando comecei a ir á escola fui acompanhada nos primeiros dias.

Algum tempo depois, passei a ir sozinha cheia de importância e responsabilidade, descendo a rua sob a vigilância da minha mãe que se mantinha à janela, até eu dobrar a esquina ao fundo da rua e lhe desaparecer da vista.

Daquela janela via-se o rio, os barcos para Cacilhas. Mais tarde, em Maio de 1959, passou a fazer parte da paisagem o Cristo Rei e em Agosto de 1966 a Ponte sobre o Tio Tejo.

Hoje, já não há eléctricos, os carros fazem filas compactas, os autocarros esforçam-se na subida poluindo o ar, há passagens para peões, deixou de se ver a ponte porque um prédio cresceu em altura sem respeito pelos vizinhos. O Cristo Rei, esse ainda se deixa ver um bocadinho, de braços abertos, parecendo diminuído na sua importância.

As pessoas, essas então, quase correm para baixo e para cima por vezes arriscando a vida passando entre os carros para poupar tempo e não perderem o comboio ou para não chegarem atrasadas ao emprego. Hoje é preciso conservá-los…

Na minha meninice ainda havia gente a morar naquela rua. Havia pouca mas havia!

Em frente da minha janela, do outro lado da rua, havia crianças a brincar na rua. Invejosa, eu olhava da janela desejando também ter a possibilidade, que nunca tive, de brincar na rua.

Quando vinham os Santos Populares era um suplício.

Alguns dias antes do Santo António já as crianças montavam o trono do Santo. Manjericos, santinhos, cada um tentando fazer o trono mais bonito! Depois pediam um tostãozinho para o Santo António! E as pessoas paravam, olhavam e davam!

Eu sofria porque não me deixavam ir para a rua fazer um trono ao Santo António. Como era envergonhada pensava que não seria capaz de ir pedir mas que se pudesse fazia um trono tão bonito que ninguém ia resistir e ao fim do dia eu teria uma fortuna! Não me lembro para que queria o dinheiro! Talvez para um chocolate…

Depois cresci, as crianças foram-se embora, eu também e nunca mais vi tronos ao Santo António!

Foi por isso que há uns dias, em Guimarães, parei extasiada a olhar uma montra. Tinha um trono feito ao Santo António decorado com Santinhos cujas imagens continuam bem presentes nas minhas memórias de infância.

Não resisti a fotografar. Não resisti a partilhar, com quem tem a paciência de me ler, as memórias que acordaram em mim!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

1 de Junho - Dia da Criança em Portugal



O Dia Mundial da Criança é comemorado em Portugal no dia 1 de Junho, porém, esta data varia de país para país.

A ONU reconhece como Dia Universal da Criança o dia 20 de Novembro, data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança, sendo verdade que este dia foi comemorado, pela primeira vez, no mundo inteiro a 1 de Junho de 1950.

É desnecessário referir aqui todos os direitos da criança.

Eu diria apenas que toda a criança nasceu para ser protegida e amada, independentemente da sua raça, cor, sexo, língua, religião, riqueza e da sua condição social ou da sua família.

Mais do que falar dos direitos da criança deveríamos falar das nossas obrigações. E essas são tantas vezes esquecidas. Não chega cuidar das “nossas” crianças é preciso que cuidemos daquelas que estão, por vários motivos, desprotegidas.

Quantas crianças desaparecem sem deixar rasto? Quantas crianças são mortas pelos seus progenitores? Quantas crianças são violadas?

Quantas crianças morrem de fome, vítimas de guerra ou falta de protecção na saúde enquanto eu escrevo este texto?

É para tudo isso que devemos estar atentos e observadores.

É preciso não esquecer que aquilo que se passa na casa do vizinho do lado nos diz respeito se atenta contra os direitos da criança.

Por vezes precisamos de ter coragem!