A minha infância foi vivida numas águas furtadas da Rua do Alecrim. Na época era uma rua que nada tem a ver com o que por lá se passa hoje.
De quando em quando passava um eléctrico, um carro e havia pouca gente que nunca parecia apressada.
Quando comecei a ir á escola fui acompanhada nos primeiros dias.
Algum tempo depois, passei a ir sozinha cheia de importância e responsabilidade, descendo a rua sob a vigilância da minha mãe que se mantinha à janela, até eu dobrar a esquina ao fundo da rua e lhe desaparecer da vista.
Daquela janela via-se o rio, os barcos para Cacilhas. Mais tarde, em Maio de 1959, passou a fazer parte da paisagem o Cristo Rei e em Agosto de 1966 a Ponte sobre o Tio Tejo.
Hoje, já não há eléctricos, os carros fazem filas compactas, os autocarros esforçam-se na subida poluindo o ar, há passagens para peões, deixou de se ver a ponte porque um prédio cresceu em altura sem respeito pelos vizinhos. O Cristo Rei, esse ainda se deixa ver um bocadinho, de braços abertos, parecendo diminuído na sua importância.
As pessoas, essas então, quase correm para baixo e para cima por vezes arriscando a vida passando entre os carros para poupar tempo e não perderem o comboio ou para não chegarem atrasadas ao emprego. Hoje é preciso conservá-los…
Na minha meninice ainda havia gente a morar naquela rua. Havia pouca mas havia!
Em frente da minha janela, do outro lado da rua, havia crianças a brincar na rua. Invejosa, eu olhava da janela desejando também ter a possibilidade, que nunca tive, de brincar na rua.
Quando vinham os Santos Populares era um suplício.
Alguns dias antes do Santo António já as crianças montavam o trono do Santo. Manjericos, santinhos, cada um tentando fazer o trono mais bonito! Depois pediam um tostãozinho para o Santo António! E as pessoas paravam, olhavam e davam!
Eu sofria porque não me deixavam ir para a rua fazer um trono ao Santo António. Como era envergonhada pensava que não seria capaz de ir pedir mas que se pudesse fazia um trono tão bonito que ninguém ia resistir e ao fim do dia eu teria uma fortuna! Não me lembro para que queria o dinheiro! Talvez para um chocolate…
Depois cresci, as crianças foram-se embora, eu também e nunca mais vi tronos ao Santo António!
Foi por isso que há uns dias, em Guimarães, parei extasiada a olhar uma montra. Tinha um trono feito ao Santo António decorado com Santinhos cujas imagens continuam bem presentes nas minhas memórias de infância.
Não resisti a fotografar. Não resisti a partilhar, com quem tem a paciência de me ler, as memórias que acordaram em mim!
De quando em quando passava um eléctrico, um carro e havia pouca gente que nunca parecia apressada.
Quando comecei a ir á escola fui acompanhada nos primeiros dias.
Algum tempo depois, passei a ir sozinha cheia de importância e responsabilidade, descendo a rua sob a vigilância da minha mãe que se mantinha à janela, até eu dobrar a esquina ao fundo da rua e lhe desaparecer da vista.
Daquela janela via-se o rio, os barcos para Cacilhas. Mais tarde, em Maio de 1959, passou a fazer parte da paisagem o Cristo Rei e em Agosto de 1966 a Ponte sobre o Tio Tejo.
Hoje, já não há eléctricos, os carros fazem filas compactas, os autocarros esforçam-se na subida poluindo o ar, há passagens para peões, deixou de se ver a ponte porque um prédio cresceu em altura sem respeito pelos vizinhos. O Cristo Rei, esse ainda se deixa ver um bocadinho, de braços abertos, parecendo diminuído na sua importância.
As pessoas, essas então, quase correm para baixo e para cima por vezes arriscando a vida passando entre os carros para poupar tempo e não perderem o comboio ou para não chegarem atrasadas ao emprego. Hoje é preciso conservá-los…
Na minha meninice ainda havia gente a morar naquela rua. Havia pouca mas havia!
Em frente da minha janela, do outro lado da rua, havia crianças a brincar na rua. Invejosa, eu olhava da janela desejando também ter a possibilidade, que nunca tive, de brincar na rua.
Quando vinham os Santos Populares era um suplício.
Alguns dias antes do Santo António já as crianças montavam o trono do Santo. Manjericos, santinhos, cada um tentando fazer o trono mais bonito! Depois pediam um tostãozinho para o Santo António! E as pessoas paravam, olhavam e davam!
Eu sofria porque não me deixavam ir para a rua fazer um trono ao Santo António. Como era envergonhada pensava que não seria capaz de ir pedir mas que se pudesse fazia um trono tão bonito que ninguém ia resistir e ao fim do dia eu teria uma fortuna! Não me lembro para que queria o dinheiro! Talvez para um chocolate…
Depois cresci, as crianças foram-se embora, eu também e nunca mais vi tronos ao Santo António!
Foi por isso que há uns dias, em Guimarães, parei extasiada a olhar uma montra. Tinha um trono feito ao Santo António decorado com Santinhos cujas imagens continuam bem presentes nas minhas memórias de infância.
Não resisti a fotografar. Não resisti a partilhar, com quem tem a paciência de me ler, as memórias que acordaram em mim!
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