São muitas as pessoas que se queixam que não sabem o que lhes é descontado na sua reforma do Centro Nacional de Pensões. Todos os meses se olha para o extracto bancário sem perceber o que significam os números que ali estão.
Eu era uma das vitimas até que me fartei e resolvi escrever directamente ao Ministro Mota Soares. Obtive resposta. Aqui fica a carta de quem já não tem paciência para aturar a inexperiência de tantos especialistas...
Exmo. Sr. Ministro Mota Soares
Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social
Praça de Londres, 2
1049-056
Lisboa
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Lisboa, 29 de Novembro de 2013
Beneficiário nº xxxxxxxxxxxx do Centro Nacional de Pensões
Exmo. Senhor Ministro
Desde o início deste ano que o valor que recebo da minha reforma é sempre
uma incógnita.
Sempre trabalhei no sector privado, na verdade já nem sei bem, uma vez
que ainda fiz parte dos Quadros de uma Seguradora que agora pertence ao
Estado. A minha reforma é no entanto paga pelo Centro Nacional de Pensões.
Saiba V. Exa. que trabalhei 44 anos, reformei-me com 63 anos sem qualquer
penalização a não ser o célebre factor de sustentabilidade. Sorte minha
porque hoje já não seria assim uma vez que V. Exa. e os seus Colegas
Ministros entendem que é preciso trabalhar até mais tarde e eu ainda por cima
faço anos em Janeiro o que iria complicar a questão.
Fique descansado que não lhe venho pedir nenhum subsídio, nenhuma benesse,
porque já sabia a sua resposta: a Segurança Social não é sustentável! Eu
discordo, obviamente, porque sei o que tem sido feito com o meu dinheiro e o
da minha entidade patronal. Depois estou de acordo com uma coisa, há
realmente pessoas que não descontaram para as reformas que recebem mas essas
estão no seu seio e não no meio dos meus.
Mas sabe, há uma coisa que me irrita muito e acho que é uma grande falta
de consideração que V. Exa. tem para comigo e todos os que pertencem ao Centro Nacional de Pensões.
V. Exa. recebe um recibo de vencimento, não recebe? Todos os Funcionários
Públicos recebem um recibo de vencimento, então pergunto-lhe porque é que eu não
tenho o mesmo direito?
Já escrevi ao Centro Nacional de Pensões mas a resposta vinha de uma
maneira que não é de certeza para se perceber e olhe que eu não sou burra.
Ora bem assim sendo, eu não sei o que me está a ser pago o que está a ser
descontado, que IRS me está a ser aplicado, etc…
Ou seja, tenho o presente incerto dependente de um extracto bancário e um
futuro muito incerto porque não sei se quando chegar a altura de fazer o IRS
(vai ser preciso, não vai?) V. Exas. não me levam aquilo que eu não tenho.
Sabe, a minha ideia era ver se podia fazer umas poupançazitas para quando
chegar esse terrível momento.
Para isso era preciso eu ter uma ideia, um recibo mesmo em papel
reciclado, papel baratinho será que o Sr. Ministro não pode pedir lá ao
Centro Nacional de Pensões que nos façam essa gentileza?
Sabe eu pertenço
aquela geração dos poupadinhos que nunca gastaram mais que a conta, deram um
curso superior aos filhos para agora termos a geração mais bem preparada de
sempre… mas enfim isso já era outra conversa e o que eu quero é o recibozito…
Faça lá esse favor Sr. Ministro, acredite que lhe fico muito grata!
Sim, eu sei que era preferível eu morrer rápido para não terem que me
pagar mais nada mas eu sou muito cuidadosa com a minha saúde, a atravessar a
rua, até ando mais de transportes públicos porque andam por aí muitos doidos
na estrada.
Tenha também cuidado quando anda de mota e não naqueles nossos carros
bonitos de alta cilindrada e entre tantos motoristas escolha um que respeite
os sinais, as velocidades, essas coisas, que o Sr. Ministro ainda é muito
novo e ainda tem muito tempo até chegar à reforma. Isto digo eu!...
Com os meus sinceros cumprimentos,
Atentamente
PS: Foto retirada da Internet
Nota: Foi recebida resposta com os valores descontados mensalmente
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