sexta-feira, 11 de março de 2011

Dúvidas Existenciais...


Confesso que ainda hoje não sei se acredito em Deus. Umas vezes sim, outras vezes não...
São tantas as dúvidas que me assaltam quando colocada perante situações que considero injustas para o ser humano que não sou capaz de ter certezas!
Não é injusto morrerem crianças á fome?
Não é injusta a guerra para os civis?
Não é injusto os pais perderem os seus filhos?
E o tremor de terra no Japão, não é injusto?
Que forças, que lógicas?  
Um dia de manhã, não muito distante, a questão colocou-se-me de novo.
O comboio estava cheio. A crise fez aumentar o número de passageiros de todos os dias.
Uma senhora jovem com uma menina ao colo pediu um dos lugares reservados. Sentou-se. Pelo tamanho da criança pensei que teria uns sete anos um bocadinho grande para ir ao colo, pensei eu.
Calhou-me ficar logo ali.
A menina tinha o cabelo loiro preso com uns ganchinhos azuis. Azul como o vestido com florinhas cor-de-rosa.
Subitamente por detrás de uns óculos, uns olhinhos muito azuis olharam para mim. As mãos abertas estenderam-se para me tocar.
O coração gelou. Percebi claramente que aquela era uma criança diferente. Aqueles olhos azuis eram lindos.
A mãe deu-lhe para as mãos um boneco azul e creme muito fofo, como os que se dão aos bebés. Estendeu-mo. Fiz-lhe uma festa. A mãe ia movimentando o boneco numa chamada de atenção.
Voltei a fazer-lhe festas nas mãos e comecei também a brincar com o boneco.
Numa voz calma e sumida a mãe disse-me que desde bebé que ela gostava muito de festas nas mãos. Sorri e continuei. O coração aquecia.
Fizemos a viagem até Sete Rios nesta união. Aí a mãe levantou-se para sair com ela ao colo no meio daquele mar infinito de gente. Disse-me então, com a voz mais forte, Muito Obrigada!
Sentei-me e olhei lá para fora. A mãe colocou-a no chão e ela lá foi, caracóis loiros ao vento.
Senti-me bem. Felizmente ela tinha capacidade para andar, felizmente eu tive, pela primeira vez, capacidade para interagir com uma criança deficiente. Felizmente aquela mãe teve, provavelmente também pela primeira vez uma pessoa que tratou a sua filha como igual a todas as outras...
Passei anos a achar que se tivesse que lidar com uma criança diferente ia chorar todos os dias.
Hoje sei que perdi o medo de lhes tocar e principalmente de magoar quem as tem.
Subindo as escadas do Metropolitano com destino ao trabalho pensei que, afinal, talvez  Ele exista mesmo.
Deus escreve direito por linhas tortas, diz o Povo...
Mentalmente agradeci a Deus ter colocado no meu caminho um filho lindo e perfeito do qual tenho um orgulho imenso...
Como aquela mãe gostaria de ter a mesma alegria!
Depois pensei que Deus se devia estar a rir dos meus pensamentos… É que, na verdade, que bem me sabe estar sentada no silêncio de uma Igreja!

1 comentário:

Anónimo disse...

Virginia, minha Amiga
Sabes como eu acredito em Deus e no Seu infinito amor, que Ele existe e nos protege. As coisas que hoje não entendo acredito que saberei um dia o porquê. Que bom é estar na Casa do Pai, em qualquer igreja, capela ou simplesmente diante de um pequenino altar, onde Ele está vivo no Sacrário,pronto para nos ouvir e confortar!! Todas as experiências de vida pelas quais temos de passar e sabes que para mim já foram e são muitas, temos de as tomar como uma missão e acreditar que Ele só nos dá aquilo que podemos suportar.
Contudo deparamo-nos diáriamente com coisas que nos deixam revoltadas, incrédulas por vezes, mas se tivermos o nosso coração aberto percebemos porque nos deparámos com elas. Aì as nossas desventuras perdem algum valor. Fui há pouco tempo em peregrinação à Terra Santa e vivi emoções, alegrias e sensações indiscritiveis, pisei os lugares que Jesus pisou, onde riu e chorou, amou e sofreu por todos nós e isso para quem tem FÉ e acredita Nele como eu, foi uma benção, mais uma que Ele me deu. Para ti amiga que és "um ser extraordinário" de amor e disponibilidade para os outros um beijo do tamanho do mundo da tua amiga Vanda.